Monday 18 June 2007

O mundo gira, gira, gira...e a gente sempre termina onde tudo começou...

Mood: (exam season...never good...oh well...)

Song: Bewitched, Bothered and Bewildered - Ella Fitzgerald; Pra matar a fome - Lasciva Lula; Too Drunk to Fuck- Nouvelle Vague (feat. Camille); Stone Cold Heart - Incognito; Good Friday - CocoRosie (have someone to thank for the extensive list, and consequent furthuring of my musical education...)

Quote: "Meu: interjeição sem sentido usada por paulistanos possessivos." Natalia Benazzi Mazzolani

Film: Easy - v. enjoyably indie rom-com with a twist...

Book: entre O que é a ideologia? e entrevistas da Rolling Stone...

Alors...inspiração continua mínima, como sempre, mas já que ela baixou em um momento apropriadamente prático (durante uma prova de Sistemas de Comunicação), porque não publicar o resultado de sua única aparição nas últimas semanas? Afinal, diremos que seja uma boa síntese dos resultados de um semestre de Jornalismo. A conclusão sendo, porque não? Il n'y a que le cynisme...de nouveau...

Por permitirem a comparação e informar o público independentemente da autoridade do Estado, de um partido ou de uma igreja, os meios de comunicação de massa favorecem globalmente um uso mais intenso da razão individual. Mesmo se não existissem mais grandes ideologias de oposição, o espírito crítico não desaparece, tende a generalizar-se, envolvendo todas as questões da vida. As críticas radicais cedem lugar a críticas e rejeições parciais. Na escala de longa duração, os indivíduos têm mais possibilidades de questionar e de mudar suas próprias posições, de avaliar e de julgar livremente, de tomar distâncias em relação às posicções das autoridades institucionais. O superficial e o lúdico da mídia apresentam-se mais como instrumentos do iluminismo do que como seu túmulo. - Gilles Lipovetsky, Metamorphoses da cultura liberal (2001)

"Ao longo dos últimos meses, fomos continuamente incitados a fazer reflexões que nos levavam a nos desiludirmos cada vez mais tanto com nosas futuras carreiras, quanto com nosso próprio futuro como sociedade. Nesse contexto, a análise de Lipovetsky vem como um breath of fresh air (wanna see you come up with something better! Big-time ass-kissing, I know!), apresentando uma perspectiva positiva apesar - e a partir - dos mesmos sintomas do mal da pós-modernidade contra a qual lutamos.

O crescente cinismo que vem marcando nossa sociedade contemporânea está no centro dessa questão. Ao longo dos últimos cinqüenta anos, principalmente, vimos crescer o poder da indústria cultural e o efeito alienante de sua massificação, ao passo que cada vez mais as pessoas se entregam ao sistema, gerando assim o "eterno presente" de Rubem Alves. Sem perspectivas de um futuro - já que a história havia por "acabado" - nossa geração (como todas pós-GenX) foi tachada como alienada, conformista, superficial e consumista - o que até certo ponto ainda reflete a verdade.

Pessoalmente, venho fomentando meu cinismo em relação a nossa geração ao longo de muitos anos já, mas sempre resguardando um certo otimismo no que se trata do futuro, semelhantemente ao que Lipovetsky descreve. Afinal, é a partir de nosso cinismo e nosso conformismo que brota o pluralismo crítico e ideológico dos tempos atuais, tanto para as gerações mais jovens quanto as mais velhas, que passaram por todo o desenvolvimento desse cinismo. Esse efeito se manifesta principalmente na sociedade pós-Guerra Fria, onde o fim da divisão do mundo entre dois extremos ideológicos possibilitou uma certa abertura na mídia tradicional, que anteriormente se dividia (generalizando) entre comunista e anti-comunista.

Essa tendência da mídia atual, no entanto, à pluralidade crítica gerou um fenômeno exagerado de crítica (principalmente negativa) a tudo, independentemente do sujeito. Em uma sociedade liberal, onde nada mais é tabu, a pose de crítica superficial incitada pela mídia se tornou quase o que Marcelo Rubens Paiva chama de Peneco (ou, Pequna Neurose Contemporânea). Hoje, mais do que nunca, com o advento da internet "faça-você-mesmo", combinada com a procura incessante pelos "quinze minutos de fama" de Warhol, criticar e criar polêmica tornou-se uma atividade massificada.

No entanto, devemos nos perguntar se a mídia tem tamanho poder para influenciar as atitudes do público. Nesse aspecto é que mora meu otimismo, como o de LIpovetsky, ao rejeitarmos a teoria estruturalista de que o emissor tem poder quase total de manipulação sobre o receptor da mensagem. Nosso otimismo está na crença de que há uma certa independência de pensamento do receptor frente à mídia, apesar dos esforços (conscientes ou inconscientes) da indústria cultural em alienar e massificar o pensamento do indivíduo. Ao mesmo tempo que testemunhamos a pose de pseudo-intelectualismo crítico nos indivíduos, também observamos uma crescente tendência à análise crítica profunda da própria mídia - como dos vários temas que ela trata com superficialidade - nas pessoas comuns, isso devido principalmente às novas possibilidades de expressão das quais dispomos hoje em dia.

Portanto, a conclusão otimista de LIpovetsky tem fundamento, ao passo que os indivíduos estão se tornando cada vez mais livre-pensantes, pautados pela superficialidade da própria mídia. Como o mesmo diz, "o superficial e o lúdico da mídia apresentam-se mais como instrumentos do iluminismo do que como seu túmulo." Obviamente, o processo ainda está em seus primórdios, ao passo que grande parte da sociedade ainda conforma com o pensamento massificado. No entanto, a tendência parece realmente ser que o crescente cinismo inerente à nossa sociedade contemporânea leve cada vez mais indivíduos a pensar criticamente, e é aí que guardamos nossas esperanças frente à desilusão com que começamos."

C'est ça! C'est tout! Alors, a bientôt!

Nota do editor: a recente adição à descrição do blog foi fruto de uma produtiva sessão de 1,5km de natação - esta, após um looongo hiatus - da qual a autora quer boast, e portanto o fará aqui...

Ps. further reading: The essence of neoliberalism, by Pierre Bourdieu (haha, if you're in the area, you've heard of this guy...)