Wednesday 25 August 2010

Revolução 2.0?

Bem, cá estava eu, fazendo um google por uma informação simples: quando que os malditos vão inaugurar a estação Tamanduateí da linha verde de metrô, que faz integração com a tinha de trem do ABC e irá diminuir minhas viagens pra visitar a turma de Camilópolis pela metade?

Já a resposta, por sua vez, foi praticamente impossível de achar. Que me levou a pensar: pô, liga você mesma na assessoria do Metrô e pergunta. (Meu status de jornalista-ainda-não-formada-e-ainda-com-pouca-experiência me impedem de considerar essa atitude algo normal.)

E PUBLICA! Sim, porque uma coisa linda que a Web 2.0 nos deu foi a possibilidade de fazer isso que estou fazendo agora: publicar pra todo mundo ler as baboseiras nas quais penso a todo momento. E essa democratização dos meios de comunicação há tempos é aclamada como algo revolucionário, algo que vai mudar a forma como fazemos jornalismo e nos informamos.

Como diz um tal “futurista” de uma matéria que eu estava lendo hoje, no futuro, o jornalismo será “cada vez mais crowdsourced” para “hordas de amadores, sob a supervisão de profissionais”. (Lembrando que crowdsourcing deriva da mesma noção que outsourcing, ou terceirização.)

Tá, a idéia do cara até que não é não-interessante. Com certeza é menos distópica que a maioria das que dizem que o jornalismo vai morrer e o jornalista com ele. (O “futurista” também diz que a boa reputação de muitos jornalistas especialistas em suas respectivas áreas continuarão tendo o respeito e público dos leitores – o que deixa pouco espaço pros jornalistas que não são TOP ou famosos, mas aí é outra história…)

Mas uma coisa que me incomoda um pouco nesse furor todo gerado entorno de coisas como a “Revolução do Twitter” do Irã é que ela só leva em conta a produção de conteúdo próprio do internauta, geralmente (pelo menos no modelo atual) pra que esse trabalho seja usado gratuitamente por “profissionais”. Quer dizer, ainda vivemos um momento de mediação, e por enquanto não vejo muito um movimento para sair desse mindset.

Porque, pra mim, essa revolução só será realmente democrática a partir do momento em que se tornar HÁBITO do leitor BUSCAR a informação, ao invésde esperar que ela chegue até ele – algo que continua acontecendo mesmo com novas ferramentas como Facebook, Twitter, etc. Não há nada de revolucionário nisso. Revolucionário é o leitor perceber, não só que qualquer um pode publicar, mas que qualquer um pode dar um google, pegar o telefone, ligar pra uma fonte, seja assessoria de imprensa ou o CEO da companhia, pegar a informação e repassar ele mesmo.

E isso não depende de uma ferramenta revolucionária. Depende de uma revolução do pensamento.

Monday 23 August 2010

A “socialização” da notícia

Lendo o Carlos Castilho – que sempre teve o hábito de valorizar demais as novidades supostamente revolucionárias da internet – e mais uma vez chego ao final do texto soltando um “Aff!”.

A discussão aqui é, segundo o próprio autor, “a transformação das redes sociais em agências de notícias personalizadas” e como, segundo mil pesquisas (aff!) – com uma parcela ínfima da população americana – a maioria das pessoas hoje praticamente só se informa através de notícias recomendadas por amigos no Facebook, Twitter, etc.

Não vou nem entrar no mérito do teor da grande maioria dessas “notícias”, mas vamos lá. A tese de Castilho é que esse boca-a-boca digital está sendo cada vez mais incorporado pela mídia tradicional – que se vê perdendo público para seus próprios sites – com a inclusão de ferramentas de compartilhamento e listas de matérias mais citadas, mais comentadas, mais recomendadas, etc. E isso é uma coisa linda! Internautas se tornam “‘co-editores’ do noticiário, ampliando ainda mais a idéia de colaboração crescente entre profissionais e amadores na produção de informações jornalísticas.” Devo também ignorar a falha desse argumento em não ver o movimento contemporâneo do ‘trabalho de graça’ que o espectador sempre adorou para ganhar seus 15 minutos – ou 15 cliques – de fama?

Isso sem contar que – já não superamos a discussão sobre as falhas da empresa jornalística que se preocupa em “dar ao público o que o público quer”?

Castilho continua apontando como a mídia tradicional (o jornalista, por que não?) está cada vez mais perdendo espaço como produtor de conteúdo para o internauta. Essa idéia, por mais bonita que seja, sempre me incomodou – e não, não é porque sugere um mundo em que eu não tenha utilidade, ou pior, emprego! – já que a impressão que me dá é de que seja baseada em poucos exemplos emblemáticos, mas que não indicaram até agora uma real revolução nesse sentido – vide o caso dos protestos no Irã, que viraram notícia mais pela forma que pelo fato e, como toda notícia hoje, se esvaiu no esquecimento.

Correção: sim, como produtor de conteúdo, creio que o internauta já tenha superado a mídia tradicional há muito tempo (e esta já aprendeu a ganhar dinheiro com isso, não é Google? O próprio WordPress, inclusive, não? Gotta look into that…). Já como produtor de jornalismo, o internauta comum está há anos luz. O que existe sim é a agregação de informações do internauta, que compiladas por alguém que age de acordo com as práticas básicas do jornalismo, leva à produção de algo de fato válido de consideração neste debate, especificamente.

Finalizando, e voltando um pouco ao começo desse post, Castilho trata da rede social como uma ferramenta de filtragem frente à “avalanche de informações” com a qual vivemos hoje. E por mais que reconheço que, sim, hoje em dia, a maior parte da minha leitura é de links que visito através do Twitter, a grande maioria destes continua sendo por recomendação direta do próprio jornal, revista, rede de TV, etc. Até porque, talvez, meus amigos não recomendem nada de muito interessante :P Tanto os reais quanto os virtuais…

Point is, I guess – sempre volto pra essa conclusão, parece – a mídia tradicional não está perdendo espaço para a internet, pois ela é e está na internet, and trust me, está usando ela muito bem ao seu favor. A internet só é revolucionária nas mãos de quem busca revolucionar – não estou falando de ideologias, mas simplesmente de idéias. O que define a inovação não é a ferramenta, mas o uso que se faz dela. E uso até agora, francamente…