Monday 23 August 2010

A “socialização” da notícia

Lendo o Carlos Castilho – que sempre teve o hábito de valorizar demais as novidades supostamente revolucionárias da internet – e mais uma vez chego ao final do texto soltando um “Aff!”.

A discussão aqui é, segundo o próprio autor, “a transformação das redes sociais em agências de notícias personalizadas” e como, segundo mil pesquisas (aff!) – com uma parcela ínfima da população americana – a maioria das pessoas hoje praticamente só se informa através de notícias recomendadas por amigos no Facebook, Twitter, etc.

Não vou nem entrar no mérito do teor da grande maioria dessas “notícias”, mas vamos lá. A tese de Castilho é que esse boca-a-boca digital está sendo cada vez mais incorporado pela mídia tradicional – que se vê perdendo público para seus próprios sites – com a inclusão de ferramentas de compartilhamento e listas de matérias mais citadas, mais comentadas, mais recomendadas, etc. E isso é uma coisa linda! Internautas se tornam “‘co-editores’ do noticiário, ampliando ainda mais a idéia de colaboração crescente entre profissionais e amadores na produção de informações jornalísticas.” Devo também ignorar a falha desse argumento em não ver o movimento contemporâneo do ‘trabalho de graça’ que o espectador sempre adorou para ganhar seus 15 minutos – ou 15 cliques – de fama?

Isso sem contar que – já não superamos a discussão sobre as falhas da empresa jornalística que se preocupa em “dar ao público o que o público quer”?

Castilho continua apontando como a mídia tradicional (o jornalista, por que não?) está cada vez mais perdendo espaço como produtor de conteúdo para o internauta. Essa idéia, por mais bonita que seja, sempre me incomodou – e não, não é porque sugere um mundo em que eu não tenha utilidade, ou pior, emprego! – já que a impressão que me dá é de que seja baseada em poucos exemplos emblemáticos, mas que não indicaram até agora uma real revolução nesse sentido – vide o caso dos protestos no Irã, que viraram notícia mais pela forma que pelo fato e, como toda notícia hoje, se esvaiu no esquecimento.

Correção: sim, como produtor de conteúdo, creio que o internauta já tenha superado a mídia tradicional há muito tempo (e esta já aprendeu a ganhar dinheiro com isso, não é Google? O próprio WordPress, inclusive, não? Gotta look into that…). Já como produtor de jornalismo, o internauta comum está há anos luz. O que existe sim é a agregação de informações do internauta, que compiladas por alguém que age de acordo com as práticas básicas do jornalismo, leva à produção de algo de fato válido de consideração neste debate, especificamente.

Finalizando, e voltando um pouco ao começo desse post, Castilho trata da rede social como uma ferramenta de filtragem frente à “avalanche de informações” com a qual vivemos hoje. E por mais que reconheço que, sim, hoje em dia, a maior parte da minha leitura é de links que visito através do Twitter, a grande maioria destes continua sendo por recomendação direta do próprio jornal, revista, rede de TV, etc. Até porque, talvez, meus amigos não recomendem nada de muito interessante :P Tanto os reais quanto os virtuais…

Point is, I guess – sempre volto pra essa conclusão, parece – a mídia tradicional não está perdendo espaço para a internet, pois ela é e está na internet, and trust me, está usando ela muito bem ao seu favor. A internet só é revolucionária nas mãos de quem busca revolucionar – não estou falando de ideologias, mas simplesmente de idéias. O que define a inovação não é a ferramenta, mas o uso que se faz dela. E uso até agora, francamente…

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