Wednesday 14 May 2008

40 anos depois – mais um artigo sobre 68

Texto escrito em aula: comentário sobre Maio de '68 - olha no que dá. Reclama muito, fala pouco. Tipicamente Georgia.

Todo ano, parece haver algo novo para comemorar, em grandes festas, eventos, exposições, mostras e reportagens especiais organizadas pelas mais diversas instituições ao longo de 12 meses. Ano passado, foram os 40 anos do lançamento do álbum Sgt. Pepper’s, em 2006, foi o “Ano do Brasil na França”, em 2004, os 50 anos do rock. Este ano, além do centenário da imigração japonesa no Brasil, também celebramos 40 anos desde 1968. Maio de ’68, para ser mais específico (as comemorações ainda se estendem durante todo o ano, no entanto), data em que estudantes franceses formaram barricadas nas ruas de Paris, acarretando uma greve geral que paralisou dois terços da França, ao passo que mais e mais pessoas se juntavam à causa dos estudantes, contra o autoritarismo do governo DeGaulle.
Mas porque 1968, especificamente, marcou tanto a história do século XX? Foi um ano em que os jovens tomaram as ruas para lutar pela liberdade, dizem os livros de história. Protestos contra a ditadura militar no Brasil, contra o autoritarismo do governo na França, contra a guerra e o sistema capitalista nos EUA, contra o regime comunista na Europa ocidental. E, como nas celebrações passadas, seremos inundados novamente com discursos saudosistas, de uma época melhor quando os jovens tinham ideais, e lutavam por esses ideais para que a geração de hoje tivesse tudo o que eles não tinham.

Seria esta a grande herança da geração de ’68? A liberdade pela qual eles tanto lutaram, e qual a geração de hoje não valoriza minimamente? Liberdade sexual, de expressão, musical? Igualdade sexual, racial? O fim de ditaduras e guerras sem sentido? Um olhar para o mundo à nossa volta nos diz que não.

Entretanto, é isso o que nos vendem, a partir de suas festas eventos, exposições, mostras e reportagens especiais: o ideal do 1968 que mudou tudo no mundo em que vivemos hoje. Não importa que grande parte da geração de ’68 tenha esquecido de seus ideais e os traído, não importa que tudo contra o que lutaram ainda exista hoje, mesmo que de uma maneira mais sutil.


Nem parece a mesma pessoa que escrevia aqui há pouco mais de 1 ano...

E, falando em contradição: nem parece a mesma pessoa que escrevia aqui há alguns meses sob o título Eu quero uma bandaaaaaaa!!!!!!!!! (pena que eu perdi o conteúdo original daquele post...)

Perdida como sempre, desci correndo do ônibus e sentei no ponto, Stooges no ouvido, completamente deslocada do mundo. A mina do meu lado, com uma carinha de indie-mais-velha, me pergunta, do nada: "Você toca alguma coisa?" Eu: "Como assim? Tipo, instrumento? Ah...até toco né". Listo os dez mil que já toquei alguma vez na vida (nunca fui adiante com nada, né?). "Ah, então, é que eu queria formar uma banda, só de meninas." "Putz, nem toco nada bem o suficiente pra isso." Nisso, aparece meu ônibus (vale lembrar que nem atrasada eu estava). Falo tchau e boa sorte. Sou burra ou o quê?! Honestidade sem pensar é foda...

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