Tuesday 2 September 2008

Banco Imobiliário

Mood: bothered and buggered

Song: Extraordinary Machine - Fiona Apple

Film: Brazil - never expected it to be what it was...beautifully Monty Python meets 1984 with scarier message than one would think

Book: Dostoyevsky's Crime and Punishment - need I say more?

Quote: "É tanta tecnologia que dá gosto" - slogan de uma tal de SunFoods. Disturbing? Se pá!

Link: Observatório da Imprensa - POR QUEM OS SINOS DOBRAM? Dobram por aqueles que
não amam o seu ofício
(não que eu goste muito do Alberto Dines, mas...)

Já tenho sofrido mais de um mês de sujeição forçada ao horário político eleitoral: os candidatos insistem em fazer promessas no rádio justo no horário que eu coloco o despertador para tocar - onde antigamente eu ficava meia hora na cama cantando, agora não vejo a hora de ou desligar a merda e voltar a dormir ou entrar no chuveiro correndo pra não ter que ouvir. Bem, vou admitir, meu sentimento de culpa de boa cidadã (além da preguiça de sair da cama) muitas vezes faz com que eu pare pra ouvir, algo que incrivelmente nunca fiz antes em eleições anteriores por achar uma grande perda de tempo ficar ouvindo promessas e mentiras que no final não dizem nada sobre como o político realmente exercerá seu poder. Até certo ponto, meu preconceito foi confirmado, mas o que mais me marcou nessas últimas semanas foi como os marqueteiros tratam o eleitor como burro. Simples assim, burro.

O Juvenal da propaganda do Kassab, por exemplo - desculpe, não propaganda, é um "programa" de rádio (parece aquelas matérias estranhas que aparecem no meio das revistas com uma notinha no canto da página avisando que se trata de um "informe publicitário"). Um programa de ficção ao estilo novelesco. Fala da realidade do eleitor do mesmo jeito que a novela trata dos temas polêmicos - a novela das 7h, a "engraçadinha".

Ou então os jingles irritantes pra cacete que ficam na sua cabeça o resto do dia, que nem chiclete. Ou coisas deste naipe: http://candidatosbizarros.net/

Já o "programa" da Soninha, com menos artifícios técnicos, ganha em termos de sinceridade e fala de realidades mais próximas à do eleitor, fala diretamente sobre nossas reivindicações, o tipo de coisa que você ouviria mesmo no ônibus. Resta saber a sinceridade dessa sinceridade...

A rádio pra mim sempre foi um xis. Sempre ouvi o jornal da JovemPan quando criança, do mesmo jeito que se ouvia o Repórter Esso na época da minha mãe. Mas nunca vi a rádio como uma oportunidade de comunicação. Principalmente agora que vou descobrindo as novas rádios das ondas paulistanas: uma tal de Mitsubishi (!), com músicas boas mas, como sempre, repetitiva. Ou, ainda mais repetitiva - tanto na programação eleitoral quanto sua programação normal, que ouço toda manhã - a Oi. Não sabia muito dela antes, mesmo depois do desmascaramento do Daniel Dantas e das maracutaias BrasilTelecom, mas com a vinda da Oi pra São Paulo, me dei conta do poder da coisa no Brasil inteiro.

Não conseguimos fugir dos monopólios: a Oi/BrasilTelecom, a Microsoft nos anos 90 - se pá não tanto hoje, mas há sempre alguém pra substituir - Google, num setor que ainda vemos como um lugar de liberdade total - que ingenuidade!

Nessas horas eu me sinto uma pecinha inconseqüente em um tabuleiro de Banco Imobiliário - curiosamente, este é conhecido como Monopoly na gringa - a ser manipulada pelos capitalistas de plantão, que vão comprando e vendendo vidas como se fossem um jogo de tabuleiro. (Ironicamente, a melhor explicação que eu já tive de um capitalista do tipo foi no filme Uma Linda Mulher, quando ele explica o que ele faz da vida, comprando empresas falidas para revendê-las pelo dobro do preço - pelo menos o Richard Gere aprende a lição no final...isso sim é um final feliz - e de conto de fadas, ficção total - um capitalista com um coração! "You and I are such similar creatures Vivian. We both screw people for money.")

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